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03/08/2017
1. A doença de Parkinson apresenta outros sintomas além dos sintomas motores?
Os chamados sintomas motores da doença de Parkinson englobam o tremor, a bradicinesia (lentidão para executar os movimentos) e a rigidez. Esses são os sintomas mais conhecidos e mais visíveis. Geralmente são eles que levam o paciente a procurar o atendimento médico.
Entretanto a doença de Parkinson é bastante complexa e, além dos sintomas motores, existem outros, diversos, que chamamos de sintomas não motores. Esses sintomas compreendem: alterações do olfato, do hábito intestinal, do sono (sonambulismo, sonilóquios e pesadelos), distúrbios psiquiátricos (depressão, ansiedade, alucinações e psicose) e alterações cognitivas e da memória.
2. As alterações cognitivas e da memória são frequentes na doença de Parkinson?
Sim, alterações leves que chamamos de comprometimento cognitivo leve (CCL) podem estar presentes em até 30% dos pacientes nas fases iniciais da doença. Entretanto estudos mostram que alterações mais graves como a demência na doença de Parkinsonocorre em até 30 a 40% dos pacientes. Alguns importantes estudos com seguimento ao longo de mais de 15 anos mostraram que, após esse período, 80% dos pacientes desenvolveram demência. De forma geral, considera-se que o paciente com doença de Parkinson tem cerca de 3 vezes mais chance de desenvolver demência após alguns anos que um indivíduo da mesma idade sem a doença.
3. O que é a demência na doença de Parkinson?
Consideramos demência na doença de Parkinson quando o déficit cognitivo e de memória agrava a um ponto que impede ou dificulta o paciente a fazer tarefas do dia a dia que antes desempenhava com facilidade.
4. Como se caracteriza a demência na doença de Parkinson?
A demência na doença de Parkinson se caracteriza por dificuldades ou prejuízos em múltiplas funções cognitivas. Além da memória encontramos também prejuízos nas funções executivas (são funções complexas que de forma geral englobam a capacidade de planejar, iniciar e executar tarefas, assim como em sustentar a atenção e inibir impulsos), na atenção e nas funções visual- espaciais.
No dia a dia, além de dificuldades de recordar eventos, aprender novas tarefas e de acessar a memória, também é comum perceber dificuldades em planejar e conduzir tarefas rotineiras, como cuidar sozinho das medicações e resolver problemas do dia a dia. Também são frequentes a ocorrência de delírios e alucinações.
5. Por que ocorre a disfunção cognitiva na doença de Parkinson?
Os estudos ainda não são definitivos, porém apontam a possibilidade de existirem múltiplos mecanismos e deficiências para gerar a demência na doença de Parkinson. Entretanto é comprovado o déficit de neurotransmissores chamados colinérgicos.
6. A demência na doença de Parkinson é a mesma coisa da demência da doença de Alzheimer?
Não. Apesar de existirem alguns mecanismos patológicos e alguns sintomas clínicos em comum nas duas doenças, a apresentação clínica, sintomas e evolução são diferentes.
7. Qual é o impacto da demência associada a doença de Parkinson?
Estudos diversos mostram que ela gera impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes, diminuindo sua capacidade funcional e aumentando os riscos de internação. Também tem um impacto negativo sobre a qualidade vida e a taxa de estresse do cuidador e familiares.
8. Existe tratamento para a demência na doença de Parkinson?
Sim. Trabalhos científicos diversos confirmam o efeito benéfico das medicações chamadas inibidoras da colinesterase. Essas medicações estão disponíveis para o uso no nosso país.
9. Qual é o objetivo do tratamento da demência na doença de Parkinson?
O objetivo maior do tratamento é estabilizar o quadro cognitivo, diminuindo a evolução dos sintomas. Entretanto ele também pode trazer benefícios no controle de sintomas de comportamento e nas alucinações. O diagnóstico dessa condição deve ser precoce para permitir um tratamento adequado e a prevenção da piora clínica do paciente.
10. Como se faz o diagnóstico de demência na doença de Parkinson?
O diagnóstico é clínico (não aparece em exames de imagem) e por isso deve ser feito por neurologista com experiência nessa área. Geralmente compreende uma entrevista com os familiares e com o paciente e a aplicação de testes e baterias cognitivas específicas. A participação e a percepção dos familiares são ferramentas importantíssimas para o diagnóstico e tratamento precoces. Caso notem mudanças na memória ou na capacidade de raciocínio do paciente, devem conversar com seu neurologista respeito.
Autora: Dra. Carolina Pinto de Souza